(EN) CANTO DE SEREIO: SALVANDO UM PEIXÃO

MEUS QUERIDOS, EU FUI ATRAÍDO NÃO PELO CANTO BELO E TRAIÇOEIRO MAS PELO GRITO ABAFADO DE DESESPERO DESSE PEIXÃO AQUI. ELE ESTAVA PRESO NOS ARRECIFES, JOGADO QUE FOI CONTRA AS PEDRAS DURANTE A TEMPESTADE. POR SORTE, EU PASSEAVA POR AQUELA ÁREA POUCO MOVIMENTADA. COM A MARÉ VAZANTE, ELE PODERIA MORRER SOB O SOL ESCALDANTE DESSE VERÃO ANTES DELA ENCHER NOVAMENTE.

A QUESTÃO QUE SE PUNHA ERA: PARA ONDE LEVAR UM TRITÃO QUE PRECISA DE CUIDADOS? NÃO DAVA PARA LEVÁ-LO PARA LONGE DA PRAIA -ERA PRECISO MANTER SUAS ESCAMAS ÚMIDAS. E MUITO MENOS EXPÔ-LO! IMAGINA O TRANSTORNO QUE A PRESENÇA DE UM SEREIO NÃO PROVOCARIA? AINDA MAIS NA CONDIÇÃO EM QUE ELE SE ENCONTRAVA. DECIDI LEVÁ-LO PARA UM TRECHO DA PRAIA PROTEGIDO POR ROCHAS. O DEIXEI LÁ E FUI PROVIDENCIAR MEDICAMENTOS E SUPRIMENTOS PARA AMENIZAR SEUS FERIMENTOS E FOME.

NEGRÃO E VIADO ACOSTUMADO A PEGAR MACHOS NAQUELAS ROCHAS, FIQUEI NU AO RETORNAR, MANTENDO SÓ O LENÇO NO PESCOÇO E A BOINA DE TAIFEIRO. FIZ OS CURATIVOS NECESSÁRIOS E O DEIXEI REPOUSAR À SOMBRA, FICANDO AO SEU LADO PARA ADMIRAR AQUELE CORPO MITOLÓGICO E, CONTUDO, REAL. SUA PELE, TAMBÉM NEGRA, ERA MAIS CLARA QUE A MINHA E SUAS ESCAMAS, AZULADAS, BRILHAVAM COM A LUMINOSIDADE QUE INVADIA AQUELA REENTRÂNCIA NA ROCHA. "UM GRANDE RABO DE BALEIA", ME LEMBREI DA MÚSICA DO GIL. ELE CORRERIA TAL RISCO? LOUCO POR SUVACOS, ME AMARREI NAS AXILAS SEM PELO DO HOMEM-PEIXE. ACABEI POR DORMIR EMBALADO PELA BRISA MARINHA E O BARULHO DAS ONDAS. PARA ACORDAR COM O TRITÃO A ME CHUPAR O PAU! ELE ERGUEU O OLHAR TÍMIDO E CONTINUOU O BOQUETE.

FELIZ COM A SACIEDADE DO PEIXÃO, DEIXEI A LÍNGUA DELE PERCORRER MEU PERÍNEO, ESSA REGIÃO MÁGICA ENTRE O SACO E O CU. EU ADORAVA QUE ME FIZESSEM CUNETE! E ELE NÃO SE FEZ DE ROGADO, USANDO SUA LÍNGUA COM DETERMINAÇÃO E APTIDÃO ENQUANTO BATIA SUA CAUDA DE BALEIA NA AREIA, CADA VEZ MAIS ÚMIDA COM A MARÉ QUE VINHA SUBINDO...