VER DE VERDADE NINGUÉM NUNCA VIU. MAS AS MUITAS HISTÓRIAS SOBRE O MAIS VALENTE E DESTEMIDO PISTOLEIRO DO SERTÃO JÁ CAÍRAM NA BOCA DO POVO. COMENTA-SE QUE QUEM JÁ O VIU SE RECUSA A FALAR SOBRE ELE.
CARTAZES ANÔNIMOS QUE SURGIRAM DO NADA O RETRATAM COMO UM CENTAURO DE PELO MARROM E FARTA CAUDA. O TORSO, MUSCULOSO, QUASE SEMPRE ESTÁ ENVOLTO EM UMA MANTA TECIDA PELAS ARTESÃS GAGAS DE GUARAJAJUBÁ DO NORTE.
O ROSTO, MÁSCULO, TEM TRAÇOS MARCANTES - COMO O QUEIXO QUADRADO E O NARIZ AQUILINO. A BARBA, CERRADA, É SEMPRE MANTIDA APARADA, DANDO AQUELA APARÊNCIA DE DESLEIXO QUE IMPRESSIONA AS MULHERES E OS VIADOS.
NA CABEÇA, PARA PROTEGER-SE DO INCLEMENTE SOL DA REGIÃO, HÁ SEMPRE UM CHAPÉU DE FELTRO DE ABAS LARGAS A SOMBREAR-LHE OS OLHOS DE COR MEL. OS MALDOSOS DIZEM QUE CAÇAR O MELIANTE NÃO SERIA COMPLICADO: O CHEIRO FORTE DO HOMEM-CAVALO SERIA ALVO FÁCIL PARA CÃES FAREJADORES.
MAS, PAIRANDO SOBRE TAIS DESEJOS CENTAURICíDIOS TAL QUAL URUBUS À ESPREITA DE CARNIÇA, IMPÕE-SE O MEDO. E O MEDO PRESERVA O MITO - RESGUARDADO PELA CERTEZA DE QUE A JUSTIÇA, POR ESSAS BANDAS, ALÉM DE CEGA, É MUDA E DESPROVIDA DE MOVIMENTOS NOS MEMBROS INFERIORES.
