- MACHO VELHO, TU TENS QUE PUXAR MUITO FERRO PARA ENCORPAR ESSE TEU TORSO MIRRADO. É PRECISO EQUIPARÁ-LO À TEU DORSO EQUINO, CARA! - FALEI, PARADO NA PORTA DO ESTÁBULO A OBSERVAR O CENTAURO AFASTANDO-SE.
- E EU NÃO SEI? SEMPRE ME FALAM ISSO: QUE MINHA PORÇÃO HUMANA NÃO SE COMPARA À MINHA PORÇÃO EQUINA... - ELE ASSENTIU, CESSANDO O TROTE.
- E PORQUE NÃO TE VEMOS SUANDO A REGATA LEVANTANDO PESOS, SEU FILHO DE UMA ÉGUA? - PROVOQUEI-O.
- PORQUE O CAVALÃO AQUI PRECISA TRABALHAR! - ELE REBATEU, ABRINDO OS BRAÇOS E TROTANDO DE VOLTA EM MINHA DIREÇÃO.
- NÃO DIGA? POIS VENHA MALHAR COMIGO À NOITE. TARDE DA NOITE: FOI O ÚNICO HORÁRIO LIVRE QUE CONSEGUI! - CONVIDEI-O, PASSANDO A MÃO PELOS GOMOS DO MEU ABDOME.
- ADOREI ESSA TUA BARBA, MAURÍCIO. TE DEIXA MAIS MACHO! - COMENTOU O HOMEM-CAVALO, ME SURPREENDENDO.
- COMO SE FOSSE PRECISO, NÉ? - DISSE, BALANÇANDO O PICAÇO QUE IMPRESSIONAVA TODO MUNDO.
- ESSE TEU PAU É QUASE NÃO-HUMANO, CARA. É QUASE CAVALAR! SÓ UM POUCO MENOR QUE O MEU, SEU JUMENTO!... - GRACEJOU O CENTAURO, RINDO.
- PENA QUE TUAS MÃOS NÃO O ALCANCEM, HEIN? - PROSSEGUI, SEGURANDO MEU PAU COM GOSTO.
- MAURÍCIO, SE EU NÃO FOSSE TREINAR CONTIGO, TE DAVA UM BAITA DE UM COICE, SEU VIADO! - VOCIFEROU O ANIMAL.
- CHISPA DAQUI, SEU CAVALO! - GRITEI, BATENDO FORTE NOS QUARTOS TRASEIROS DELE, FAZENDO-O DISPARAR NUM GALOPE DESENFREADO. " É O INSTINTO ANIMAL FALANDO MAIS ALTO!", AINDA FALEI, EM MEIO À NUVEM DE POEIRA QUE OS CASCOS DELE LEVANTAVAM.
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