"ME CORTOU O CORAÇÃO VER AQUELE CAVALO NO TELHADO ILHADO PELAS ÁGUAS... ME SENTI NO LUGAR DELE, COM O AGRAVANTE DE, POR SER MAIS PESADO, O TELHADO NÃO SUPORTAR A CARGA. TIVE PESADELOS COM O TELHADO CEDENDO E O ANIMAL SENDO ENGOLIDO PELAS ÁGUAS, JÁ DEBILITADO PARA NADAR.
VER REZES NOS CURRAIS, INCAPAZES DE FUGIR DO AVANÇO DA ENCHENTE, ALGO SIMILAR AOS CACHORROS DEIXADOS PRESOS NAS CASAS - TUDO ISSO ME ERA E É MUITO DOÍDO. E, CLARO, TIVE QUE AJUDAR. ATRELEI UMA CARROÇA EM MIM E, ATÉ ONDE ERA POSSÍVEL, FUI RECOLHENDO PESSOAS E ANIMAIS NAS ÁREAS ALAGADAS.
E VI TAMBÉM OUTROS CENTAUROS FAZENDO O MESMO OU DANDO CARONAS EM SEUS PRÓPRIOS DORSOS, CENAS LINDAS DE SE VER, EM MEIO À MULTIDÃO DE VOLUNTÁRIOS QUE SE PRONTIFICOU A AJUDAR NESSA TRAGÉDIA PROVOCADA PELO PRÓPRIO HOMEM.
EM ALGUNS CASOS, COM A ÁGUA NA ALTURA DO MEU UMBIGO, DISPENSAVA A CARROÇA E IA SALVAR ALGUÉM. COMO DUAS CRIANÇAS QUE CARREGUEI NOS BRAÇOS E FICARAM ADMIRADAS QUANDO SAÍMOS DA ÁGUA E VIRAM QUE EU ERA UM CENTAURO. OS PAIS NÃO SABIAM COMO ME AGRADECER... A MÃE, FOFA, SE OFERECEU PRA TRANÇAR MINHA CAUDA - ALGO QUE A MAIORIA DOS HOMENS-CAVALOS FEZ".
ABELARDO ANTÔNIO RUIZ, 56 ANOS, GARANHÃO HERÓI
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